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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Tempos de estabilidade

Hoje, comemoramos 17 anos do Plano Real, e para registrar tal data, trago relatos feitos por jornalistas da VEJA, em referência ao Plano Real na edição de Julho de 2009, quando o plano completava 15 anos.

"No dia 1º de julho de 1994, uma sexta-feira, o Brasil acordou com uma nova moeda, o real. Depois de uma década de hiperinflação.

Quinze anos (agora  17 anos) é tempo suficiente para que toda uma feliz geração de brasileiros ignore, no dia a dia, qual o efeito da inflação descontrolada. 

O Brasil entrou para a literatura econômica por ter um dos casos de hiperinflação mais impressionantes da história.

Entre janeiro de 1980 e junho de 1994, a inflação acumulada no país, medida pelo IPCA, foi de 10,5 trilhões por cento (ou 10 500 000 000 000%). A maior inflação foi registrada em 1993, quando o índice chegou a 2 477%.

A cada mês, a moeda perdia praticamente metade do seu poder de compra. Qualquer planejamento, fosse no âmbito das famílias, fosse no das empresas, se tornava impraticável. Esse é um tipo de incerteza que não se mede só em números: ela envenena a confiança, pois impede as pessoas de olhar com otimismo para o futuro.

Enquanto imperava o caos econômico, não havia noção do valor relativo das coisas. Sem previsibilidade, ninguém se arriscava a fazer investimentos produtivos, e o potencial de crescimento ficava represado.

A hiperinflação também concentrava brutalmente a renda no país, porque eram os pobres, sem ter como defender seus rendimentos em aplicações rentáveis, os que mais sofriam, enquanto os ricos ganhavam dinheiro fácil no sistema financeiro.

O plano que antecedeu o Real, costurado pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, combinou perícia técnica e arte política.

Seguiram-se meses de debates, envolvendo alguns dos mais talentosos economistas do país, como André Lara Resende, Edmar Bacha, Gustavo Franco e Pedro Malan. Traçavam-se as linhas gerais do programa, ao mesmo tempo em que se buscava o apoio mínimo necessário para aprovar as reformas no Congresso.
O real inaugurou um período de reformas institucionais, sem as quais a moeda talvez houvesse naufragado, como suas antecessoras. Entre outros avanços, houve a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal, as privatizações e o saneamento do sistema financeiro. Fundamental, ainda, foi a autonomia operacional dada ao Banco Central, que pôde, nesses últimos anos, combater a inflação de maneira técnica e sem se dobrar a pressões políticas.

O desafio que o Brasil tem de encarar agora precisa se voltar quanto antes para o estímulo ao crescimento duradouro, por meio de uma reforma tributária que desonere a sociedade, e para a resolução das mazelas sociais - entre elas, os níveis ainda elevados de pobreza, educação precária e criminalidade. Essa é uma disputa que o Brasil precisa ganhar o quanto antes.

"O Real completa 17 anos como símbolo de um Brasil diferente: o Brasil da estabilidade, no qual frenéticas remarcações de preço ou confiscos de poupança são apenas memórias de um caos distante." - frase adaptada, VEJA, 8 de Julho de 2009 em que o Plano Real comemorava 15 anos.

Vídeos: Reportagens históricas do Plano Real, em 1994, via G1

Um comentário:

  1. Jailson de Monte Real1 de julho de 2011 às 16:43

    Sem querer ser estraga-prazeres, mas já sendo, o que mais me chamou a atenção no Plano Real foi a sua impressionante capacidade de debelar a hiper-inflação no Brasil e no resto do mundo.
    Não sei se o nobre "blogueiro" percebeu que após o Plano Real o fragelo da hiper-inflação desapareceu da fece da terra. De duas uma: ou a Economia Brasileira era tão influente que uma decisão aqui refletira positivamente lá fora, ou os mentores do Plano Real deram um baita sorte de estar no lugar certo, na hora certa.
    Quem quiser que tire as próprias conclusões...

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