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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Editorial

Trechos do artigo de Elio Gaspari na Folha de São Paulo

O primeiro grande escândalo do governo Lula estourou em fevereiro de 2004, 13 meses depois de sua posse. Custou o cargo a Waldomiro Diniz, subchefe da Casa Civil de José Dirceu.

Até o dia em que deixou o Planalto, em janeiro passado, Nosso Guia (Lula) foi perseguido por escândalos que se sucederam em intervalos regulares.

O governo Dilma Rousseff foi mais veloz. Seu primeiro escândalo estourou cinco meses depois da posse e custou o cargo ao chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Um mês depois, Dilma perdeu (demitiu) o ministro dos Transportes e o diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o Dnit.

Deixando-se de lado o varejão da roubalheira, onde ficam contratos de serviços, de publicidade, ou despesas com cartões de crédito, mordomias e viagens, a crônica de nove anos incompletos de governo petista revelam que há nele uma engrenagem blindada, metódica e articulada de corrupção.

Não há novos escândalos, há apenas novas erupções, beneficiadas por uma rotina em que uma crise só se exaure quando é substituída por outra, na qual estão personagens que passaram despercebidos na anterior.

O centro dessa rede fica no Palácio do Planalto, ora na Casa Civil, ora na coordenação política e sempre na coleta e repasse de doações.

Entre a crise de Waldomiro Diniz e a seguinte, passaram-se 15 meses. Bastaram mais quatro meses para que daí surgisse a palavra que mudaria a história do PT e do comissário José Dirceu (ex-Ministro da Casa Civil do Governo Lula, indiciado pelo STF como chefe de quadrilha): ‘mensalão’.

O novo escândalo expôs o loteamento, pelo Planalto, de cargos nos Correios, Banco do Brasil, Instituto de Resseguros do Brasil, Furnas, bem como a manipulação, pela Casa Civil, dos fundos de pensão de estatais.

O ‘mensalão’ ainda não saíra no noticiário quando puxaram-se as pontas da administração do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na Prefeitura de Ribeirão Preto. Era mais do mesmo. Palocci agonizou durante um ano. Trazido de volta ao Planalto por Dilma, aguentou 23 dias de crise e saiu de cena sem contar quem eram os clientes que o tornaram milionário.

Waldomiros, Delúbios, Erenices e até mesmo Pagots foram peças acessórias de uma máquina.

O escandaloso enriquecimento de Palocci foi substituído pelas propinas do Ministério dos Transportes. Como acontece desde o caso de Waldomiro Diniz, será esquecido, diante do próximo.

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