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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Pedro Simon

Depois de 6 décadas de vida pública, como vereador, Deputado, Governador, Ministro e Senador pelo Rio Grande do Sul por 32 anos, o jovem Pedro Simon, de 85 anos, deixará o Congresso Nacional e a vida parlamentar no próximo dia 31 de Janeiro, quando termina seu mandato.

Eu disse jovem Pedro Simon, pois tive o prazer e a honra de conhecê-lo quando estive no Senado e me surpreendi com aquele senhorzinho de cabelos brancos, cabisbaixo e solitário no corredor do Congresso Nacional, mas que se transformava todas as vezes que subia a tribuna do Senado para fazer seus pronunciamentos.

Do alto de sua trajetória, construída ao lado de homens da envergadura de Tancredo Neves, Teotônio Vilela e Ulysses Guimarães, Pedro Simon jamais perdeu o brio e a esperança de lutar por um Brasil melhor. Tendo presenciado as duas ocasiões em que o Congresso Nacional foi fechado pela ditadura, Simon lutou bravamente para a conquista da Anistia, pela derrubada da ditadura, pela volta da Democracia, pelas Diretas Já e pela Assembleia Nacional Constituinte. E por ter participado da história política recente do Brasil, Pedro Simon falava com autoridade e com propriedade cada vez que usava os microfones do Plenário do Senado Federal.

Pedro Simon representa o velho MDB, aquele MDB ideológico, aguerrido, decente, que lutou contra a ditadura e não mediu esforços para mudar o Brasil. Pedro Simon representa hoje no Senado, a geração dos grandes homens públicos que a seu tempo, mudaram o país e trouxeram de volta a democracia e a liberdade política. É por isso que sem dúvida, Pedro Simon deixará um vazio no Senado Federal a partir do próximo mandato.

Coerente, Pedro Simon jamais se curvou aos mandos e desmandos dos governos, que muitas vezes atropelaram o Congresso Nacional, humilhando a independência entre os Poderes em nome da "governabilidade". Pedro Simon jamais coadunou com os malfeitos, jamais foi conivente com a corrupção e a desfaçatez que muitas vezes emergiam de seu próprio partido. E é por isso que Pedro Simon termina seu mandato, após 32 anos, muito maior do que quando entrou na política, pois sai de cabeça erguida, com a consciência tranquila do trabalho bem feito em favor dos gaúchos e em favor do Brasil.

Aos expectadores da TV Senado, e aos que como eu, admiram o trabalho, o exemplo e a força de Pedro Simon, sua ausência diária no plenário do Senado será significativa. É um adeus doído daqueles que admiram a política feita com decência, com coerência e com seriedade.

Pedro Simon pretende percorrer o Brasil, conversar com os brasileiros e propor uma construção conjunta com a sociedade civil para combater a impunidade dos corruptos e fazer as Reformas que o Brasil precisa. Que novos Pedro Simon estejam por aí, espalhados pelo país, ávidos para mudar os destinos da Nação, fazendo da política mais do que uma carreira ou um negócio, mas um sacerdócio diário para toda uma vida.