Ainda que, oficialmente, não se fale em mudança de rumo, já que ninguém quer nada que lembre nem remotamente confronto com Lula, os auxiliares da presidente não escondem, em conversas reservadas, que as escolhas são outras.
Dilma optou por uma “glasnost” particular. Nada de controle. A mudança que houver, assegura o governo, será para fortalecer as empresas de comunicação e garantir que não sejam engolidas pelas gigantes de telefonia. Era, efetivamente, a coisa mais inteligente a fazer.
No debate do salário mínimo, ao se tratar das dificuldades fiscais do governo, praticamente se ignora que a incômoda herança deixada por Lula também leva a assinatura de Dilma; mais: a farra dos gastos foi a base material da máquina eleitoral que a elegeu.
Na sua mensagem ao Congresso, a presidente anunciou que descumpriria uma promessa solene de campanha na área da saúde - transformou 1.000 UPAs em 500 (e não as entregará). O MEC decidiu abraçar a progressão continuada no Brasil inteiro, embora o ataque ao modelo, vigente em São Paulo, tenha sido uma das peças de resistência da campanha presidencial do PT. A pilantragem política foi ignorada.
A firmeza do governo no caso do salário mínimo, diga-se, serviu para reforçar a imagem da seriedade, daquela que não flerta com inflação e populismos.
“controlar a mídia” para quê? Com que propósito? Essa, era a agenda de Lula e de Franklin, endossada por setores de extrema esquerda do PT e por pistoleiros da Internet financiados pelo Planalto - a propósito: o financiamento continua!
Outra mudança óbvia de conversa se dá na política externa. E que se note: efetivamente, num caso e noutro, as escolhas de Dilma são preferíveis às de Lula, independentemente de contexto e motivações.
Mas atenção! Nada como uma campanha eleitoral para devolver o PT à sua natureza e à sua retórica. Toda essa civilidade e essa cordialidade podem ser rompidas numa disputa. Afinal, a mesma Dilma que convidou FHC para visitá-la no Palácio do Planalto é aquela que, até outubro, afirmava que o Brasil só se tornou verdadeiramente independente em… 2003! Enquanto a eleição não chega, Dilma experimenta as vantagens de não ser Lula.
No blog: As Escolhas de Dilma
Leia a íntegra do Artigo de Reinaldo Azevedo
Fonte: VEJA
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