O Globo: 100 dias: Dilma descumpre promessas mas distende o clima e ganha apoios
Eleita na onda da popularidade de Lula, a presidente Dilma Rousseff chega aos cem dias de governo com o desafio de resolver dois problemas da herança de seu antecessor: inflação em alta e gastos excessivos.
Para isso, já descumpriu promessas de campanha, como a de não privatizar e não fazer ajuste fiscal - em fevereiro, anunciou corte de R$ 50 bi no Orçamento.
Dilma mudou o estilo no Planalto, com um perfil mais técnico de administrar, mas ainda repete erros como o de lotear cargos entre aliados. Mostrou força na negociação do salário mínimo e ampliou apoios no Congresso, além de distender o clima com a oposição, como se viu nos dois encontros que já teve com o ex-presidente Fernando Henrique. Na política externa, até agora, a guinada foi ainda mais visível.
O capital político ainda intacto, a folgada maioria parlamentar e um estilo firme na condução da máquina deram à presidente Dilma Rousseff, nesses primeiros cem dias, a segurança para tentar fazer um governo diferente, com marca própria.
Mas não muito diferente. Repetiu vícios de seus antecessores no Palácio do Planalto ao fazer nomeações de políticos para cargos técnicos e passou por cima de promessas feitas no calor da campanha eleitoral, como a de que não faria um ajuste fiscal.
Por outro lado, surpreendeu ao promover a distensão política e ampliar apoios no Congresso, ao mesmo tempo em que enfrentou e desmontou lobbies de parlamentares e sindicalistas, como o do salário mínimo maior.
Na economia, mesmo com o fantasma da inflação rondando e o dólar ainda derretendo, o clima geral é de confiança, Há avaliação positiva de que a presidente, nesses primeiros três meses de governo, deu provas de que se concentra em resolver problemas que se agravaram na reta final do governo Lula e que ajudaram na sua eleição: para reduzir gastos públicos elevados e conter a inflação, fez um corte forte no Orçamento, de R$50 bilhões.
Na política externa, fez gestos e ações que indicam correção de rumo, especialmente no que diz respeito aos direitos humanos e ao Irã, aproximando-se mais dos Estados Unidos.
No campo social, ainda não lançou seu grandioso programa de erradicação da miséria - meta que ela própria já admitiu que terá dificuldade para cumprir até 2014.
Do outro lado:
“É o início do nono ano de um mesmo governo. Ainda que seja louvável o esforço da presidente de impor personalidade ao governo, tem prevalecido a lógica dominante em todo esse período. Não há ruptura entre o velho e o novo, mas o continuísmo das graves contradições dos últimos anos” Senador Aécio Neves (PSDB/MG).
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