A censura na América Latina alcançou um dos níveis mais altos desde que a região democratizou-se, há três décadas, aponta um relatório do Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ).
"Apesar de a censura não ter a mesma envergadura do que na época das ditaduras militares, quando muitos jornalistas desapareceram e as forças armadas ditavam o que podia ou não ser publicado, seu ressurgimento é preocupante", adverte o documento do CPJ.
"Houve um aumento significativo dos casos de censura em todo o continente, seja por censura judicial, seja pela violência do crime organizado, seja por pressão do Estado", diz Carlos Lauría, coordenador do CPJ.
Em relação à censura no Brasil, o Comitê cita o exemplo de pressões da família Sarney, que mediante uma ação judicial deteve a publicação de denúncias sobre nepotismo e corrupção pelo jornal O Estado de S.Paulo. Na Venezuela, o regime de Hugo Chávez proibiu o jornal El Nacional e outros veículos de publicar imagens violentas durante o mês anterior às eleições legislativas de setembro.
No Equador, o governo do presidente Rafael Correa "tentou substituir as vozes independentes com as suas próprias", enquanto Cuba "manteve seu estrito regime de censura", diz o documento. A autocensura também causa estragos no México, "como consequência da violência dos cartéis de droga e dos grupos criminosos", completa o relatório.
Na Bolívia, o presidente Evo Morales criou 250 rádios comunitárias com apoio financeiro da Venezuela e reaparelhou o canal de TV oficial. Em 2009, ele ameaçou nacionalizar o jornal La Razón, o maior do país.
Na Nicarágua, o governo do presidente Daniel Ortega, um aliado de Chávez, está restringindo o acesso de jornalistas a autoridades públicas e cortando publicidade oficial de veículos críticos. Na Argentina estão florescendo mecanismos de "censura sutil", como o direcionamento de publicidade oficial aos meios de comunicação alinhados com o governo.
"Quando há censura, não é um problema da imprensa, mas um problema de toda a sociedade", disse Lauría.
Infográfico: Estadão |
Liberdade sem exceções
Deu até no Financial Times
Fonte: VEJA, Estadão
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