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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Ligações iônicas

Há tempos, somente as eleições, por serem obrigatórias, refletem a voz do povo. De resto, a política já não expressa mais a voz das ruas, e o povo nas ruas já não se interessa mais pelas deliberações da política. Isso é ruim para o povo, para a política e para a democracia.

As pessoas não mais se interessam por política. Primeiro, porque falta consciência da importância da política e da importância do seu engajamento e sua participação nela. Segundo, porque os escândalos de corrupção, além de desmoralizarem a política terminam por afastá-la do povo. Terceiro, porque há tempo, o sistema político eleitoral brasileiro entrou no piloto automático, de modo que nem partidos nem Instituições discutem mecanismos de reparação de seus erros e vícios, como consequência, está o que se chama de crise de Representatividade, em que políticos, instituições, partidos e o próprio povo estão aquém do que se exige de cada um deles em uma democracia.
Agrava a situação, quando se constatam a efemeridade das alianças políticas, as incoerências político-ideológicas, a completa falta de pudor de alguns dirigentes partidários - que deixam o palanque derrotado em que haviam subido, para afagarem o candidato vencedor, acenando com a intenção de apoiá-lo no Legislativo, desde que sejam distribuídos cargos e postos de comando dentro do Executivo – o que acaba, no mínimo, tornando a política ainda mais desmoralizada, e os que ainda a acompanham, desenganados. Ressalto que nesta altura do campeonato, o grande público, o povo, nem sequer chega a acompanhar essa ginástica partidária de toma lá dá cá, pois para eles, seu contato com a política, ou sua obrigação, findou-se logo após o barulho da urna, confirmando o fim da sua votação.       


Conclui-se assim, que a volatilidade das alianças político-partidárias, que se assemelhem às ligações iônicas da química – melhor exemplo que poderia encontrar - são quase sempre alimentadas pelo fisiologismo e o toma lá dá cá entre Legislativo e Executivo, corrói o sistema político e aprofunda ainda mais a crise de identidade em que vivem os partidos e as Instituições Públicas.
Para solucionar essa crise de representatividade ou de comunicação entre políticos, partidos, Instituições e o povo, seria preciso uma ampla e profunda discussão sobre Reforma Política no Brasil, sendo esta, capaz de rever as engrenagens que integram o sistema político eleitoral brasileiro.

Tal discussão precisa ser fomentada dentro do Congresso Nacional, mas será preciso integrar tais discussões, chamando para debater, os partidos, os membros do Poder público, a sociedade civil organizada, a imprensa e a população em geral, dispersa nas ruas e atuante nas redes sociais.

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