A democracia é assim, os partidos se articulam, os nomes são
lançados, os eleitores se posicionam e por vezes se reposicionam, até que as
urnas se fecham, e a apuração traduz os anseios da população, revertidos em
votos, de confiança, de esperança ou de protesto.
Esse jogo eleitoral é imprevisível, relembrando Magalhães
Pinto, “a política é como a nuvem”, diria que as eleições também o são. As
reviravoltas entre calmarias e turbulências podem colocar em xeque qualquer
favoritismo, assim como podem colocar desconstruir pesquisas eleitorais,
discursos moldados por marqueteiros e as análises feitas pelos cientistas
políticos.
Acho que a eleição é como uma aposta, com o risco de
contingência entre as promessas do candidato e as ações do administrador público,
isso, que exigem do político não apenas um bom marqueteiro de campanha, mas
também, um excelente gabarito técnico que o permita balizar entre os desafios e
governar, como se diz, alargando as paredes do possível, tornando aquilo que é
necessário, viável.
As urnas falam, se concordamos ou não com ela, isso depende,
mas se elas escolheram pelo certo ou pelo errado, só cabe ao tempo dizer.
Aliás, não acho que na política tenha o Bem e o Mal, esse dualismo barato
mascara a rica diversidade e complexidade do campo político. Assim como no
Direito, a Política é um vértice de um polígono, que pode ser visto a partir de
diversos ângulos, de modo que cada um, a seu modo, pode analisar e concluir de
maneira diversa dos demais, em resumo, a divergência é a regra, e não a
exceção.
O fato é que as eleições municipais são também particulares,
em que muito mais do que por partidos, os eleitores se orientam a partir dos
candidatos e suas propostas, preocupados com os reflexos que estas terão
diretamente na vida e no cotidiano de todos.
No Brasil, as eleições são disputadas olhando-se para o
pleito posterior, ou seja, os caciques políticos dos diversos partidos, montam
estratégias, planejam, sobem em palanques Brasil à fora, acompanham e participam
das eleições municipais, com os olhos e um dos pés, voltados para as eleições
majoritárias que ocorrem dois anos depois.A democracia é um jogo contingente, nunca se sabe se a população acertou ou errou nas escolhas que tomou, e esse juízo de valor só cabe aqueles que no futuro olharão para trás, aliás, me lembro de um professor de História que repreendia sempre que alguém vinha com um “e se,...” pois, segundo ele, à História não cabe fazer especulações, e sim análises isentas, frias e concretas sobre o que já passou.
Vitórias, derrotas, reviravoltas, aflição e ansiedade são
sentimentos que acompanham aqueles que convivem com a política. Com acertos e
erros faz-se a democracia, cabe-nos consolidarmos os acertos e repararmos os
erros, e a partir disso, reafirmo a necessidade de reformarmos o sistema
político-eleitoral e de revigorarmos as instituições partidárias. A democracia
se expressa nas urnas, mas a política cada vez mais se faz nas redes sociais,
este é um processo de transição, de transformação, e nos cabe percebê-lo e acompanhá-lo;
a política do século XXI exigirá isso de nós.
Com vitórias e derrotas, gostando ou não dos resultados, só
nos cabe acatar a voz da urna, e festejar, pois assim caminha a democracia!
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