Agora, Dilma anuncia mais uma “inovação”, vai retirar todos os impostos federais da cesta básica sob o pretexto de que o Governo quer abrir mão de sua arrecadação, "para garantir a comida na mesa do trabalhador", como se não reconhecesse a real necessidade de uma ampla Reforma Tributária a fim de reequilibrar os impostos, hoje abusivamente cobrados da imensa maioria de cidadãos brasileiros oriundos das classes baixas.
Apesar de ter vetado a emenda do Deputado de Oposição no ano passado, Dilma agora anuncia o projeto como se tivesse sido sua iniciativa, aparecendo como a dona da ideia que vai beneficiar as famílias de renda mais baixa, num claro apelo eleitoral, repito, de olho nas eleições do ano que vem.
O Ministro da Fazenda nutre um otimismo que beira ao ufanismo. Apesar de estar na pasta desde meados do Governo Lula, Mantega não reconhece que apesar de todo o aparato institucional, ele não foi capaz de acertar uma única previsão que fez sobre a situação do PIB e da inflação brasileiras nos últimos anos.
Outro dia, uma das notícias apontavam que apesar do aumento
real do salário mínimo em mais de 9%, este não foi suficiente para conter o
avanço da inflação que já beira o teto da meta do Governo, corroendo
substancialmente as finanças do trabalhador brasileiro – cenário este, que me
fez lembrar do Governo Sarney, com gatilhos e outros artifícios, para tentar
proteger o salário mínimo contra a derrocada da inflação.
Este passado, eu não vivi, só ouço falar dele nas aulas de
história e nos depoimentos dos que sofreram diretamente aquele processo.Sou da geração-Plano Real, nasci no Governo Itamar e com
menos de um ano de idade, vivenciei o Plano Real, capitaneado pelo Ministro
Fernando Henrique, e uma equipe de economistas um tanto
visionários.A minha geração cresceu sem o dragão da inflação, sem a instabilidade da moeda e sem o terror da crise fiscal. Cresci em um país estável na política e na economia, em um cenário muito melhor daquele em que meus pais cresceram.
Contudo, ao atingir duas décadas de vida, me preocupo em ver esse cenário de incertezas, de falta de credibilidade das previsões do Ministério da Fazenda, de sensação que o Governo não sabe como reagir às tormentas que agitam o Hemisfério Norte, e refletem em estagnação no resto do mundo.
Se Lula e o PT acusaram FHC de ter deixado uma “herança maldita” quando deixou o poder em 2003, só queremos que o Governo Dilma ao menos proteja o legado dessa dita “herança maldita” do Fernando Henrique, preservando seus principais pilares que foram a estabilidade da moeda, o controle da inflação, o ajuste fiscal e a casa arrumada, que por sinal, permitiu que outros bem-aventurados pudessem, hoje, bater no peito ao alegar que estão distribuindo renda e combatendo a pobreza extrema.
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