Páginas

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Descasamento entre Povo e Política é ruim para a Política, ainda pior para o Povo

O descasamento entre o Povo e a Política (ambos em maiúsculo) é perigoso para a política, ainda mais arriscado para o próprio povo - a história política do Brasil prova isso.

A cisão entre o mundo político e a coletividade é culpa de ambos, é culpa de todos, é nossa culpa.

O sistema político deformou-se, esqueceu-se dos propósitos fundados com a Carta Magna de 88, negligenciou-se e tolerou que “alguns” tenham conseguido desmoralizar a arte da política, submetendo-a aos interesses privados em detrimento dos públicos.

O Povo na sua maioria esqueceu-se de exercer seu papel, deixou a política apenas aos políticos, fechou os olhos e calou-se por longos anos (sob os ‘bem aventurados’ ventos da bonança econômica), absteve-se de suas prerrogativas; paga agora o preço da sua omissão.

O divórcio entre a Política e o Povo, tem no mundo acadêmico e científico o nome de Crise de Representatividade que agora mostra as garras, alastra-se nas redes sociais e toma as ruas. Só o inconformismo e o cansaço geral explicam as mobilizações de verdadeiras multidões com cartazes difusos, anseios heterogêneos, mas com um único destinatário: as Instituições políticas e suas estruturas representativas.

Não se pode debitar apenas à classe política, a conta do descaso e da omissão daqueles que se esqueceram de que o exercício da cidadania deve ser feito todos os dias, e não apenas a cada quatro anos.
Repudiar partidos, invadir Palácios, demolir Instituições constituídas e cassar os mandatos de todos os nossos representantes democraticamente eleitos não resolverão o problema de Representatividade, pelo contrário, agravarão ainda mais o vazio que o cidadão tenta externar, abrindo brechas para a ascensão da intolerância, do radicalismo e da demagogia messiânica daqueles que ao longo da história aproveitaram-se dessas “ondas”, prometendo salvar a coletividade, mas que acabaram por trancafiar a democracia e as liberdades.

Aos cidadãos que legitimamente saem às ruas, cabe sinalizar o que querem, não com bandeiras abstratas e gerais, mas com propostas concretas, medidas realistas e viáveis, caso contrário, sair ás ruas para “criticar por criticar” ou “pressionar por pressionar”, não passará de bravata.

Ao mundo político cabe sinalizar que está disposto a fazer a autocrítica, submetendo-se à restauração e ao reparo das suas Instituições, e isso só começa a ser feito a partir da famigerada Reforma Política.

A autocrítica deve ser feita através da Reforma Política, e somente através dela, uma vez que a classe política ao solidarizar-se às vozes difusas das ruas sem sinalizar a disposição por mudanças concretas, também não passa de bravata.
Que a voz difusa das ruas e a disposição da classe política se encontrem e convirjam na Reforma Política, pois só assim se conseguirá viabilizar toda e qualquer mudança e toda e qualquer demanda trazida num daqueles cartazes.
Nesse sentido, viabilizar a Reforma Política permitirá a restauração da democracia representativa, a abertura de novos espaços para a democracia direta, a modernização do sistema político e a reconciliação entre o Povo e a Política, cuja separação é inadmissível pelo bem da coletividade e pelo bem da democracia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário