Lendo Bobbio, Offe, Faria, Dallari, Limongi,
Fernando Henrique, entre outros, identifiquei a tentativa de se mapear a Crise
de Representatividade e de criar mecanismos para saná-la.
Desde os quinze anos me inserindo na política, conheci gente
de todos os partidos e ideologias, e em cada cafezinho tomado, em cada conversa
e aperto de mão, debati o anseio comum de se viabilizar Reformas, reparos
estruturais no sistema político-eleitoral e no modelo de gestão pública.
Quando visitei o Governador Geraldo Alckmin, ele me disse com
todas as letras que a política brasileira clama por uma Reforma Política, clama
por mudanças, clama por modernização. Certa vez ouvindo o Professor e
ex-ministro Celso Lafer, também me foi dito que a gestão de políticas públicas
carece de aprimoramento, pois atualmente, capitanear a administração pública se
resume a tentar incansavelmente alargar as paredes do orçamento, a fim de se
tornar as demandas necessárias, viáveis.
A necessidade de mudanças é incansavelmente martelada, a
própria Reforma Política foi proposta, editada, votada e debatida inúmeras
vezes, sem em momento algum sair do papel, talvez porque faltasse um algo mais.
Hoje estamos assistindo a Crise de Representatividade sair da
teoria à prática. A insatisfação popular em relação à política vem de longa
data, mas somente agora, motivada pela situação econômica do país, leia-se pibinho
e inflação, deflagraram-se manifestações em todos os cantos, repudiando toda e
qualquer bandeira partidária, nivelando toda a classe política a uma vala comum
- reflexo da saturação, do inconformismo e do cansaço diante da letargia da
política em representar e em atender as demandas da população. Acrescidos a
esse déficit de representatividade, sobram casos de corrupção e impunidade, a
começar pelos mensaleiros condenados pelo STF e que continuam a exercer mandato
na Câmara dos Deputados.
Mas a questão que deve ser levantada é a seguinte, o que
fazer diante desse cenário? Quebrar tudo, cassar os mandatos de todos os políticos,
demolir as Instituições e repudiar partidos são fruto da voz rouca, dos ouvidos
atordoados e dos olhos embaçados provocados pela indignação, mas que não solucionarão
o problema brasileiro, que eu resumiria em dois: refiro-me aos déficits de
representação política e de gestão pública, questões um tanto abstratas, mas
que requerem um diagnóstico um tanto amplo e urgente.
Levantar a bandeira do Passe Livre, da melhoria na Educação
ou na Saúde não resolverão de imediato os dois grandes problemas que a meu ver
são a origem e o DNA de toda e qualquer outra mazela que porventura incomode o
cidadão-contribuinte brasileiro.
Não há como cobrar o fim da tarifa de ônibus, ou os investimentos
maciços em saúde ou educação enquanto se constata que o próprio funcionamento
da política está viciado e o cofre subnutrido. Sim, o cofre da administração pública
está subnutrido, não há dinheiro pra tudo embora um tanto de coisas erradas e
de prioridades míopes nesse país nos façam pensar o contrário.
Antes de cobrar mais investimentos do prefeito, é preciso
constatar que falta dinheiro no caixa; exigir mais transparência e controle
público é legítimo, mas querer que se tire leite de pedra, sem apontar o modo
como se deve fazer isso, resumiria esses dias de exaltação nacional a mera
bravata em que se protesta por protestar e se pressiona por pressionar sem
qualquer tipo de compromisso com o futuro que atenda ao interesse público.
Por isso, para que a energia canalizada nesses protestos não
vire mera bravata e não abra caminho para oportunistas e demagogos prometendo
salvar o Brasil, devo dizer que o país tem que centralizar seu
inconformismo, sua revolta, sua insatisfação em um único ponto: Reforma
Política.
Aliás, “único” é relativo, uma vez que a própria Reforma
Política ressuscita um universo de questões envolvendo sistema político, partidário
e eleitoral, que carecem de reparo.
Não me cabe aqui dizer quais pontos a Reforma política deve
abarcar, embora já tenha tornado público minha inclinação pelo voto distrital,
pelo financiamento público de campanha com proibição de financiamento privado,
pelo fim das coligações proporcionais e pela equidade no tempo de televisão. Mas
este debate não cabe a alguém isoladamente ou aos partidos convenientemente,
cabe sim, à sociedade, à opinião pública e principalmente, ao Congresso
Nacional que detém os meios legítimos para fomentar tal Reforma dando início a
todas as transformações que queremos no Brasil.
Daí sim, depois dessa Reforma, políticos não vão mais
depender dos empresários, partidos não vão mais leiloar seu apoio no
Legislativo, e o Executivo não mais poderá rifar os cargos da administração;
tornando possíveis outros debates e outras medidas como a necessária Reforma
Tributária e Fiscal, que descentralize os recursos hoje majoritariamente concentrados
junto ao Governo Federal, tirando assim, os municípios da falência e
fortalecendo a administração local. Descentralizando a administração pública, o dinheiro poderá ser melhor gasto e consequentemente os serviços públicos aprimorarão sua qualidade.
Para que tudo isso de concretize, priorizando a Reforma Política e deixando de lado as bravatas, é preciso que os olhos, os gritos, cartazes e marchas do povo brasileiro se dirijam a Brasília, onde está a Tribuna, o Plenário e a Caneta!
Para que tudo isso de concretize, priorizando a Reforma Política e deixando de lado as bravatas, é preciso que os olhos, os gritos, cartazes e marchas do povo brasileiro se dirijam a Brasília, onde está a Tribuna, o Plenário e a Caneta!
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