Divulgo aqui, uma edição da Revista VEJA de 05 de Janeiro de 1994. A capa e o assunto abordado não poderiam ser mais atuais ao Brasil em que vivemos hoje: A Hora da Faxina.
"A era da corrupção
De onde ela veio? Para onde nos levará? 1994 vai mostrar se o Brasil consegue libertar-se ou se continuará a afundar-se nela... Onde foi que erramos, para que nos transformássemos num país tão corrupto?"
"A corrupção atual, em seus presentes níveis e modalidades, tem suas origens no regime militar ou no período de redemocratização?"
"...explicação mais coerente para a corrupção endêmica que caracteriza a vida pública brasileira atual."
"Como a corrupção nasceu, nos atuais níveis e nas atuais modalidades, à sombra do regime militar, e de como ela cresceu, com a redemocratização. Ficou faltando abordar um outro importante ângulo da questão: a omissão dos bons."
"A omissão dos bons não é uma tragédia apenas porque os mais honestos e bem preparados deixam de agir. É uma tragédia, também, porque acoberta os desonestos, e assim os incentiva a prosseguir."
"Propósitos para 1994: Punir os culpados, reformar o Estado, avançar na mentalidade ética: três tarefas para o ano"
"Somos mesmo uma sociedade permeada pela geral falta de ética - como estranhar então que a política seja corrupta?... Os mesmos que condenam os outros por falta de civilidade deixam-se levar a ações egoístas e espertas em seu comportamento cotidiano. No trânsito, os outros estão errados, mas nós próprios somos condescendentes com nossas transgressões."
"Uma das características nacionais a confusão entre o público e o privado."
"Somos um povo capaz de se mobilizar como poucos por causas cívicas - eleições diretas, anistia, impeachment."
"O sistema do voto proporcional, em amplos colégios eleitorais, como são os territórios inteiros dos Estados, é feito exatamente para confundir o eleitorado e acobertar ladrões. O eleitor não sabe em quem está votando, nem contra quem. Não é à toa que, segundo as pesquisas, a maioria nem se lembra em quem votou para deputado, nas últimas eleições."
"Não é possível mais eleger deputados pelo sistema atual, como se disse acima. Clama-se por uma reforma eleitoral e partidária."
"Necessita-se de uma sólida mentalidade pela ética e contra a corrupção implantada sem volta na sociedade."
"O escândalo está para a corrupção assim como a febre para a doença: é conseqüência, não causa."
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