O título desse texto e a citação de Ruy Barbosa são autoexplicativos. Não preciso me alongar sobre o que eu quero dizer com tudo isso, basta que eu traga manchetes veiculadas há poucas horas, para dar um panorama geral do que se passa:
FOLHA de SÃO PAULO: Troca-troca entre legendas incluiu até promessa à moda 'parei com as drogas';
UOL: Vai e vem eleitoral: A cinco dias de data-limite, partidos correm atrás de registro e filiações;
UOL Política: Em busca de um novo Tiririca
ESTADO de SÃO PAULO: 'Brasil tem muito partido', diz Michel Temer
Portal IG Política: "Democracia perde com novos partidos"
Isso já basta para esclarecer o que eu quero dizer. Na véspera do prazo para filiações partidárias daqueles que desejam se candidatar nas eleições no ano que vem, outras 2 legendas foram criadas, com a possibilidade de outras duas serem confirmadas pelo TSE, fazendo com que cheguemos ao recorde de 34 partidos políticos no Brasil. Nem se tentássemos traçar as mais variadas ideologias políticas do mundo, conseguiríamos chegar a esse patamar de 34 legendas.
Mais do que ideologia, orientação política ou plano de atuação, a maioria desses 34 partidos se resumem em sigla, número e tempo de televisão. O resto não importa no jogo das eleitoral e na lógica da governabilidade à moda toma-lá-dá-cá,
Para aprofundar a vala em que se encontra a política, sufocada pela Politicalha, registro a cada vez mais frequente presença de "pseudo-celebridades" nas eleições. Ex-jogadores, ex-artistas, ex-cantores, ex-subcelebridades ou qualquer outro que tenha aparecido um pouco na mídia, sendo apresentados pelos partidos como se fossem troféus, ou melhor, iscas para fisgarem os eleitores, atraindo assim, votos para a legenda (o que por consequência, dá cadeiras no Congresso, tempo de televisão e força de barganha política) nesse sistema tortuoso que chamam de eleições proporcionais.
O resultado não poderia ser outro. Sem Reforma Política e com excesso de maus exemplos, a Nação já não acredita mais nos políticos, não diferencia mais os partidos e caminha rumo ás eleições como se fossem mera formalidade, por pura obrigação.
O sistema está corrompido e viciado, carece de manutenção e de ajustes estruturais. Mas me parece difícil que os jogadores, a caminho da prorrogação (falta 1 ano para a eleição majoritária) queiram mudar as regras do jogo. O resultado é que a promessa de Reforma vai sendo eternamente adiada, ficando sempre pra próxima legislatura, e pra próxima legislatura, e assim sucessivamente; até que o povo volte pras ruas, os políticos se agitem novamente, recorram à TV prometendo medidas enérgicas para em seguida, aguardarem até que o povo se canse, se desmobilize de novo, deixando o 'papo chato da política' para os políticos, e tudo volte ao normal, à mediocridade cotidiana de nossas vidas, voltadas aos nossos próprios problemas e ambições, deixando de lado a agenda pública que trata do interesse e futuro de todos.