Em reação às novas medidas anunciadas, de redução
das tarifas de energia elétrica e concessão da malha de transportes, feitas em
pronunciamento oficial da Presidente Dilma Rousseff em cadeia nacional de rádio
e televisão, ao qual me senti obrigado a comentar.
A crise econômica mundial não é novidade, inundou a
Europa e seus reflexos respingam nos quatro cantos do mundo, e o Brasil, como
natural em mundo globalizado, sentiu na pele essa depressão internacional, com
uma significativa desaceleração da economia, tanto no setor de produção quanto
no de consumo.O Governo, instado a reagir mediante esse esfriamento da economia, ao risco de desindustrialização e de sucessivos e preocupantes aumentos da inflação, resolveu tomar medidas pontuais como uma maior pressão para a gradativa redução dos juros, e o anúncio de pacotes setoriais de redução de impostos como o IPI. Apesar de necessários, os anúncios não foram suficientes para impulsionar a economia, que repete em 2012 a pífia taxa de crescimento do PIB, assim como em 2011.
Assim, o Governo viu que deveria fazer algo mais, e anuncia
depois de meses, um incentivo à redução das taxas de energia elétrica, que por
sua vez, só entrará em vigor em janeiro do ano que vem. O grande risco que
corremos, é a conhecida morosidade em tomar medidas necessárias para sanar o “resfriado”
brasileiro, cujo antídoto a conta-gotas pode acabar agravando o quadro,
aprofundando o cenário de crise dentro do Brasil, como reflexo da letargia
desta administração e deste Governo.
Na mesma “marcha lenta” o Governo anuncia um “novo e
revolucionário modelo”, uma “parceria com a iniciativa privada para modernizar
rodovias, ferrovias, portos e aeroportos”, só esquece de contar ao público, que
esse revolucionário modelo, já existe, são as tradicionais Concessões, a
exemplo do que São Paulo faz nos últimos 20 anos com suas rodovias, o que as
coloca em 1º lugar, quando se compara a qualidade das rodovias Brasil à fora.
Além de vender as velhas concessões como algo “inédito”,
Dilma e o Governo do PT tratam os Brasileiros como se estes não tivessem o
mínimo de bom senso e memória. Dilma e o PT se vangloriam na propaganda, por
terem garantindo um concreto “modelo de desenvolvimento no Brasil”, estruturado
na conquista da estabilidade econômica, no amplo ajuste fiscal e na
distribuição de renda, só esquece de contar que essas três bases de
desenvolvimento não são fruto do Governo Lula/Dilma, e sim, do Governo
Itamar/FHC.
Foi Collor, com todos os seus defeitos, quem fez a
abertura econômica brasileira; foi Itamar que com diálogo e coragem deu à
equipe de Fernando Henrique a carta branca para implantar o Plano Real, que apesar
da oposição do PT, foi o plano bem sucedido que derrotou a inflação e mudou o
Brasil; foi no Governo Fernando Henrique que os ajustes fiscais foram feitos,
com a Lei de Responsabilidade Fiscal e os fundos para “salvar” bancos do
colapso – que servirão de modelo para a futura restruturação da União Europeia;
foi também no Governo Fernando Henrique que iniciaram-se os programas de distribuição
de renda, vinculados ao incentivo à educação, como foi o Bolsa Escola, e
posteriormente o Bolsa Família.
Se há algo bom feito pelo governo do PT, destaco o
descumprimento de suas promessas de campanha, dando continuidade ao Plano Real,
aos ajustes fiscais e a ampliação dos programas de distribuição de renda, como
destaquei, sendo todas sementes da década de 90.
Mas, quando o Governo Lula deveria assumir as rédeas
e dar continuidade ao “modelo de desenvolvimento”, não vimos de sua administração
o compromisso em tornar o Brasil mais moderno, com sólidos investimentos em
educação e infraestrutura, muito pelo contrário, assistimos nessas áreas a
comprovação da sua incompetência, com os consequentes problemas nas provas do
ENEM, e os diversos escândalos de corrupção envolvendo o DNIT, que seria
responsável pelas obras de infraestrutura, mas se destacou pelos atrasos,
irregularidades e superfaturamentos.
Agora, depois de 10 anos, Dilma e o PT descobriram
que o Brasil precisa ser “competitivo”, e depois de comprovada a inconsistência
do PAC, que não passou de uma sigla publicitária, o Governo decide dar o braço
a torcer e faz concessões à inciativa privada, anunciando tal medida, como se
isso fosse diferente das concessões e privatizações feitas na década de 90, e das
aplicadas com sucesso nos governos do
Estado de São Paulo, desde a administração do saudoso Mário Covas.
Descumprindo sua palavra, e desrespeitando uma
promessa de campanha, Dilma e o PT fazem concessões, o que no jargão eleitoral
deles, outrora, não passava de “privataria”. Apesar da arbitrariedade e da
incoerência petista, enxergo na iniciativa a importância e a necessidade, já
que a infraestrutura nacional está abandonada, e o setor público, infelizmente,
é burocrático, moroso, e corrupto.
O quadro clínico brasileiro comprova que apenas a
continuidade dos alicerces do modelo de desenvolvimento, lançados na década de
90 não são suficientes para transformar o potencial do Brasil, em ganhos significativos
para a nossa Economia. Os anos de atraso em que não se fez a lição de casa, aumentaram
ainda mais o custo Brasil, o que breca o desenvolvimento econômico nacional.
A pesada carga de impostos acompanhada da ausência
dos debates sobre a Reforma Tributária; as injustas e prejudiciais guerras
fiscais motivadas pela falta de reestruturação do Pacto Federativo; além da
conhecida e precária infraestrutura nacional, acabam por tornar o quadro ainda
mais complicado para o Brasil.
Só podemos comemorar a nossa posição no ranking das
maiores potências econômicas mundiais, enquanto o mundo está enfermo, e ao mesmo
tempo, nos resta aguardar para que chegue ao fim a cura a conta-gotas, e o
Governo decida assumir com coragem uma postura ativa para solucionar os
problemas acima citados, assim, e só dessa forma, o Brasil pode deslanchar e se
firmar como verdadeira potência econômica, podendo competir em “pé de igualdade”
com as Nações do Mundo quando estas também estiverem recuperadas.
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