Algumas coisas na vida acontecem inesperadamente e nos marcam
para sempre, outras já sabemos que vão acontecer e embora as tenhamos esperado
com ansiedade, elas simplesmente passam por nossas vidas e logo caem no
esquecimento; e há ainda aquelas coisas que esperamos com expectativa por meses
e que ao acontecerem nos tocam ainda mais do que aquilo que anteriormente
havíamos imaginado.
Ir ao Rio de Janeiro como voluntário da 28ª Jornada Mundial
da Juventude enquadra-se no terceiro exemplo que mencionei: embora tenha
aguardado com ansiedade e expectativa a JMJ Rio2013, quando ela chegou, fui
surpreendido por um mar de gente, de línguas, de cores e de culturas de todos
os cantos do Brasil e rincões do mundo, que apesar de todas as diversidades e
adversidades, proferiam a mesma fé, acreditavam na mesma coisa e buscavam algo
em comum.
Viver” por duas semanas no subúrbio carioca foi a imersão em
uma realidade social, cultural e econômica que eu sabia que existia, mas nunca
havia conhecido de fato. Experimentar as ruas, o sotaque o transporte e os
serviços públicos do Rio de Janeiro foram prato cheio para identificar
problemas e potenciais soluções, ao mesmo tempo em que enxerguei a rica e
potencial possibilidade de um intercâmbio cada vez maior entre São Paulo e o
Rio, compartilhando entre si soluções mútuas para seus problemas, que são mais
comuns do que eu imaginava.
Como qualquer cidade, o Rio de Janeiro tem problemas e tem
virtudes; a beleza da cidade dispensa comentários, acrescento além desta, a
receptividade da população, a hospitalidade, o bom humor exposto no sorriso
aberto e sincero, a conversa fácil e a incansável disposição em ajudar, coisas
que trouxe na bagagem de volta a São Paulo, pois poucas vezes vi tanta “gente
boa”. O povo carioca sofre as mesmas mazelas do resto do país: insegurança e
criminalidade, leniência com o tráfico, concentração de renda e desigualdade social,
serviços públicos precários, transporte hipertrofiado, mas nem por isso este
povo deixa de sorrir, de tratar bem o próximo; rezei lá no Rio de Janeiro, para
que essa “bondade” do carioca seja traduzida em seu favor, em especial nas
urnas que é por onde toda e qualquer transformação da realidade deve começar.
Ao mesmo tempo em que vivenciei as mazelas e as virtudes do
Rio, devo dizer que voltei diferente - mais rico. Além da oportunidade memorável
de estar tão perto do bem-aventurado Papa Francisco e poder ouvir suas
mensagens diretas e objetivas, trouxe na bagagem bons amigos que partilharam comigo
a aventura diária no 254 (Praça XV-Madureira), trouxe também, a minha fé
renovada, minha paz interior restaurada (uma tranquilidade que se mistura com
esperança que não sei explicar de onde vem, nem sei direito o que é), e meus objetivos
cada vez mais claros no sentido de que o caminho a ser trilhado visa a vida
política para servir ao interesse público, para enfrentar de frente as mazelas
da coletividade, para pensar, propor e fazer a diferença na realidade de cada
cidadão de bem, que junto comigo ainda acredita na capacidade da sociedade em
transformar suas aspirações em realizações, em tornar o necessário e desejável
cada vez mais possível e viável.
Volto renovado e enriquecido na esperança e na fé, e tenho
certeza que os 3,7 milhões que foram comigo, voltaram pra casa tão leves e tão
engrandecidos quanto eu por terem vivenciado essa experiência única e
inesquecível.
Nos vemos na Polônia em 2016!
